quinta-feira, 21 de março de 2013

A Bola

          Olhando algumas crianças nas arquibancadas do Ginásio Ney Braga em São José dos Pinhais me deparo com uma cena sublime, doce. Uma criança, de aproximadamente 3 anos, brincando com sua bola de borracha. A bola fugia do domínio da pequena, sorrateiramente,  e ela, singelamente, correndo atrás. A brincadeira se passou durante um bom tempo e eu ali encantado com o fascínio causado por esse brinquedo tão singelo. 

          Ao longo da história, a bola ultrapassou barreiras, fronteiras, guerras, gerações. Nas mãos de muitos, nos pés de outros, redonda, oval, de couro, leve, pesada, plástico e desses materiais ultramodernos que surgem a cada dia que passa. Escrevendo isso me lembro que a bola foi mulher de malandro nos pés de alguns e com outros foi eternizada, "literalmente", cantada como nas músicas de Caetano e Djavan. Bailarina nos pés de chuteiras, tênis, por ela mesma, correu serelepe, dominadora, elegante, pomposa, estilosa. Mesmo em lugares pouco convidativos ela é rainha, musa. Hoje, ontem e sempre, desfila alegria desde os  brejos campos gauchos até o pulmão do mundo, "a Amazônia". 

          Exercendo esse encanto em multidões, talvez por ser um brinquedo que todos podem ter. Talvez por ser redonda, colorida ou mesmo sem cores, não sei dizer ao certo o que ela faz pra nos encantar tanto. Eu prefiro ela pesada, numa quadra, mas sei do potencial da redonda, das suas qualidades. Os mais velhos, quando comentam, relembram histórias, parecendo aqueles romances saudosistas, os pés falam por eles, mesmo sem a velha e longínqua destreza motora, mas ali se vê o tamanho das lembranças. Os mais novos, inquietos, tiram o melhor dela, exploram, criam, vivem, experimentam e, sem ela pedir, acredito que ela queira muito isso, pois ganha vida nas histórias. 
          Fascinante e apaixonante. Essas seriam as palavras que definem a relação da bola com o mundo. Não há objeto no mundo capaz de unir tanto quanto ela. Quanto mais simples melhor, mas que role e corra alegre, livre, bem cuidada e poderosa pelas plagas mais distantes porque ela é Bola.
B= brincalhona          O= ostensiva          L= libertadora          A= amiga


sábado, 16 de março de 2013

A SOLIDÃO DO TREINADOR

Há alguns anos atrás eu havia lido esse texto, hoje mais maduro o leio com os mesmos olhos e com a mesma intensidade. Belo texto professor Fernando Ferretti. Parabéns!!!

Uma partida muito importante, da sua vida está para começar. Sua equipe treinou muito para este momento. Você estudou tudo sobre o adversário, terminou a preleção para este, que é um jogo decisivo, que lhe dará a passagem até a vaga, no momento mais importante da competição.

Todos os que estão em volta lhe observam, comentam suas decisões, sobre o que deveria ser feito acerca da preparação e escalação da equipe. Sua torcida e diretores estão ansiosos por este dia, e pelo resultado do jogo. Sua mãe, esposa,filho e amigos rezam e torcem incondicionalmente por você, e o grande dia chegou e a hora da partida também .

Sua equipe já está aquecendo na quadra, a arquibancada do ginásio de esportes está lotada. Todos lhe observam enigmáticos, como se quisessem lhe dizer ou mudar algo na equipe, antes do grande momento. Eles acham, pelos olhares lançados, você inseguro demais ou calmo demais ou nervoso demais ou calado demais ou, enfim , se perguntam , embora sem emitir uma só palavra , se você é a pessoa exatamente certa no lugar certo , se você vai dar conta do recado

Você no banco, e ao seu lado os companheiros de sempre, o médico, o massagista, o supervisor ultimando os detalhes da súmula, o auxiliar técnico e o preparador físico voltando de dentro das quatro linhas,após encerrar o aquecimento da equipe . A arbitragem se coloca, a mesa zera o cronômetro e a partida vai começar e você, o Treinador,como se pudesse parar o relógio do tempo diz: STOP!!!! Parem tudo!!!!

Todos no ginásio param e lhe observam. Você pergunta a cada uma das pessoas, no ginásio, desde seus companheiros e diretor até o último torcedor, inclusive seus atletas : Quem quer sentar no meu lugar,aqui no banco ????? . Esta pessoa sentaria no seu lugar - sim, no seu lugar!!! - , com plenos poderes para mudar tudo, antes e durante a partida. Você treinador, iria para a arquibancada. Assistiria de lá como torcedor, diretor, jornalista, curioso, sem nenhum compromisso, só o de se divertir, xingar, criticar e berrar .

Aí, eu lhe pergunto: Sabe quantos sentariam no seu lugar???? NINGUÉM!!!!!

Porque ninguém é valente suficientemente para trocar de lugar com você, naquele momento.Moral da história: Seja você mesmo, com suas valentias, seus temores, dúvidas e virtudes . Prove para todo mundo que suas ideias, na preparação do jogo eram as mais adequadas, por que você e sua comissão técnica é que estavam ali no dia-a-dia, com a equipe. Erre e acerte com sua vontade e sua determinação, aprendendo cada lição que os jogos lhe ensinam. Porque naquele momento, que o jogo está para começar e durante a própria partida, é solidão quase total e as pessoas em volta só vão saber algum tempo depois o que você já sabia. Só conseguirão reagir a ação que você já tomou segundos antes. Pense nisso e até breve......

domingo, 10 de março de 2013

O GIGANTE ADORMECIDO

Gigantes brasileiros na Tailândia

                    Gigantes são figuras mitológicas presentes nas histórias e lendas caracterizados como humanóides ou humanos. Na bíblia, temos os neflins - gigantes - filhos do relacionamento sexual entre os filhos de DEUS e as filhas dos homens. Nos esportes, estamos acostumados a chamar de gigantes aqueles que se destacam. Pelé, Zico, Falão 12, Bernardinho, Zé Roberto, Michael Jordan, Guga Kuerten e tantos outros. Quanto a prática, é sabido que o futebol é um gigante em número de praticantes em todo mundo. Temos outros  como o vôlei, basquete, rugby e muito mais. Deixei o Futsal de lado de propósito. Estamos falando de um gigante adormecido, que acordará em breve. 
                    Trazendo isso a nossa realidade, vamos aos fatos. Nos dias 16 e 23 de fevereiro tivemos, em São José dos Pinhais (PR) as seletivas para as equipes de competição do município. Ao todo, 247 jovens de 9 a 17 anos buscando o primeiro passo na realização de um sonho. Esse universo, que abrange muito mais do um simples time de cidade, deve ser visto com muito mais notoriedade pelas autoridades. Um belo exemplo disso é dado pela cidade em questão, ao todo, 10 ginásios distribuídos pelos bairros fomentam a prática de várias modalidades, no Futsal, aproximadamente 600 crianças brincam com a bola pesada, mostrando o tamanho do "gigante".

     
Futsal "Um gigante adormecido"

          Porém, nossa realidade nem sempre reflete a da maioria. Mesmo assim, em quadras externas, em cada pedaço de cimento com espaço pra duas goleirinhas feitas de chinelo, times com e sem camisa o futsal está presente, no coração de todos, se fazendo grande. Os professores, eternos agentes proliferadores do futsal, pais do gigante, vivem seus devaneios, essa eterna loucura que emana do coração faz do esporte o que ele é: um gigante adormecido. Entretanto, há um elo perdido que precisa ser encontrado. Há algo que o torne esse gigante. É necessário mais que prática, organização, apelo midiático. Não alcanço, exatamente, a lacuna faltante. Talvez, deva ser encontrada por toda a comunidade futsalonista, em conjunto. 
                    Por fim, tenho certeza que a busca pelo avivamento desse gigante deve ser buscado com o mesmo coração daqueles que fazem do esporte seu meio de vida. Desses guerreiros que encantam, sonham, vivem e mistificam o herói. É preciso ser intenso em nossas atitudes, em nossos sonhos, desejos. Só assim, ele será o tão sonhado gigante esportivo que queremos. 
                           Um abraço a todos e que DEUS os abençoe...
                                                   
Gigantes em alguma quadra 

quinta-feira, 7 de março de 2013

Conversando com o Craque - Marcel Simon


Acabo de encontrar a entrevista do meu amigo Marcel Simon. Um grande cara. Recomendo...

     Hoje, na coluna conversando com o craque, uma conversa com o jogador Marcel Simon. Confira na íntegra, a entrevista com um dos novos reforços do América de Tapera para a temporada 2013:


Nome completo: Marcel Rotta Simon
Nascimento: 25-10-80
Idade: 32 anos
Peso: 73 kg




Gol de Placa: Quando iniciou no futebol? Começou jogando futsal?
Marcel: Comecei a jogar Futsal com 5 anos de idade, no Ser Djim de Espumoso. Clube de formação de atletas, presidido e treinado pelo meu pai, professor Dirceu José Simon.

GP: Qual o primeiro clube e o primeiro treinador?  
M: Categorias de base: Ser Djim. Treinador: Dirceu José Simon
Adulto: Guarany (Espumoso). Treinador: Beto Sperotto

GP: Por quais os clubes você passou?
M: BRASIL:
Guarany - Espumoso
Atlântico - Erechim
AGS – Sananduva
ATF – Tapejara
Ipiranga – Frederico Westphalen
ITÁLIA:
Marcianise
Bisceglie
Roma
Magione
Palestrina
ESPANHA:
Marfil Santa Coloma
BÉLGICA:
Toyota Schepdaal
FRANÇA:
Paris Metropole

GP: Quais os títulos em sua carreira?
M: - Campeão Campeonato Italiano Série A2 - 2004 \ 2005
- Campeão  dos play offs do Campeonato Italiano série B – 2010\2011
- Vice-campeão Campeonato Italiano série A2 - 2005 \ 2006
- 2 vezes Vice-campeão Série Prata do RS – 1998 e 2009
- 2 Vezes convocado pra Seleção Italiana de Futsal
- Artilheiro do Campeonato Italiano Série B - 2010 \ 2011

GP: Qual o seu melhor momento na sua carreira? E o pior?
M: Acredito que no meu primeiro ano na Itália, em 2004 \ 2005 quando fomos campeões Italianos, mesmo com um time formado por jogadores muito jovens, 2005 \2006 no Bisceglie e 2010-2011, quando a equipe foi campeã  dos play offs do Campeonato Italiano Série B.
O pior momento sem dúvida foi no primeiro semestre de 2009 quando retornei ao Guarany de Espumoso e fiquei fora das quadras por 4 meses devido a uma lesão na panturrilha e no ligamento colateral medial do joelho esquerdo.

GP: Já sofreu alguma lesão mais séria? Ficou quanto tempo afastado das quadras?
M: Minha pior lesão foi a do ligamento colateral medial do joelho. Fiquei afastado das quadras por 4 meses.


GP: Você esta retornando de uma passagem pela Europa. Como foi sua experiência por lá? Quanto tempo ficou?
M: Toda experiência longe de casa, em outras cidades, estados ou países é produtiva e gratificante. Essa troca de culturas dignifica e engrandece o homem. Cresci e aprendi muito nesses 9 anos de Europa, não só dentro de quadra, como fora dela.

GP: Quais as principais diferenças do futsal praticado na Europa para o futsal praticado no Brasil e no Rio Grande do Sul?
M: Tive oportunidade de jogar campeonatos em 4 diferentes países europeus. Na Espanha, certamente o campeonato mais tático do mundo, jogo rápido com muita movimentação. Na Bélgica, cultura baseada no ataque e na técnica individual, que por sinal é muito boa, pouca tática e marcação, favorecendo partidas com placares elásticos. Na França, o futsal possui muito contato, vigor físico e os árbitros não marcam qualquer falta, deixando o jogo seguir bastante. E na Itália, onde atuei mais tempo, o campeonato cresceu muito devido ao grande número de brasileiros que lá se encontram, fazendo com que o nível crescesse bastante e ficasse muito parecido com o estilo brasileiro.
Creio que hoje, o melhor campeonato do mundo seja a liga nacional, que ganhou muito com a volta de grandes craques que atuavam na Europa, principalmente na Espanha, e que, por conta da crise européia, retornaram ao país. 
GP: O que levou você a aceitar a proposta do América para disputar a Série Prata esse ano?
M: No ano passado já tinha recebido o convite para jogar no América, que acabou não ocorrendo. Esse ano decidi abraçar o projeto do América por tratar-se de um clube tradicional, muito bem organizado, formado por uma direção séria e competente. O interesse de montar uma equipe competitiva e a proximidade de Tapera com Espumoso, minha cidade natal, também favoreceu muito.


GP: Você chegou a receber propostas de outras equipes?
M: Sim, recebi algumas outras propostas de equipes da Ouro, da Prata e da Itália.

GP: Você já teve experiência na disputa da Série Prata? Conhece os outros clubes que irão participar da competição?
M: Tive a oportunidade de disputar 2 vezes a Série Prata, sendo em ambas vice-campeão. Alguns clubes conheço, como Asif, Arsenal, Tapejara, Teutônia, Lagoense.

GP: Quais são suas expectativas para essa temporada? E qual o maior objetivo do América para esse ano?
M: As expectativas são as de fazer um campeonato de vértice, com o  time sempre na parte alta da tabela de classificação. Fazer um campeonato sem lesões e ajudar o América a conseguir seus objetivos de chegar a final, e se Deus quiser, ser campeão.

GP: Esse ano, o América tem a companhia de mais times da região participando da competição. Qual sua opinião sobre isso?
M: Fiquei muito feliz quando soube que equipes como a ASIF,  Arsenal, juntamente com a Acaf, participariam da Série Prata. Isso só engrandece o Futsal da nossa região. Que essas equipes sirvam de motivação e de inspiração para que outras comunidades, empresas e administrações públicas se mobilizem fazendo com que outras equipes tradicionais voltem a disputar o campeonato gaúcho, como era na década de 80 e 90, onde tínhamos a participação de Guarany, Sercesa, Pinheiro, Russo Preto, Kings, Agrotape, UPF, Soledade, etc.

GP: E como vai ser jogar os clássicos contra Arsenal e ASIF?
M: Jogar clássico sempre é especial. Certamente serão motivos de casa cheia tanto em Tapera como em Ibirubá e em Não-Me-Toque. Este ano pra mim será um pouco diferente, pois estarei enfrentando como adversários grandes amigos e ex companheiros de Guarany, que hoje se encontram na Asif e no Arsenal.


GP: Você conhece o restante do plantel? Tem algum jogador que já tenha jogado junto em outro clube?
M: Do plantel do América já joguei  com o Sacolé e com o Vini Crestani nos tempos de Guarany. Outros conheço através do futsal, como o caso do Márcio e do Nuno, em que fomos adversários de longa data. Ano passado tive o prazer de participar de alguns treinos do América e ter convivido com muitos que fazem parte do plantel atual.

GP: Você já trabalhou com o treinador Ronaldão? Onde foi?
M: Ainda não tive a oportunidade de trabalhar com o Ronaldão. Fomos apenas adversários, quando ele treinava Sobradinho em 2009 na Série Prata.


GP: Por último, deixe um recado para os torcedores do América que são leitores do blog 1 Gol de Placa;
M: Primeiramente agradeço a direção americana pela oportunidade e pela confiança depositada; aos torcedores pelo carinho já recebido. Espero retribuir a todos, com muito empenho e dedicação em todos os jogos, ajudando a equipe a conquistar todos os objetivos traçados.
Tenho a certeza de que muitos espumosenses irão ao Poliesportivo e prestigiarão a equipe do América.
Fica aqui o meu convite a todos torcedores do América e a todas pessoas que são apaixonadas por futsal.

Grande abraço a todos.
Marcel Simon

Vídeo de quando jogava na Itália

fonte: http://1goldeplaca.blogspot.com.br/2013/03/conversando-com-o-craque-marcel-simon.html